O peso da indústria de etanol

Jornal Estadão de Mato Grosso – Agregar valor à produção do etanol de milho e cana-de-açúcar permitiu que Mato Grosso aumentasse a arrecadação do ICMS do setor em mais de 77%, na comparação entre 2020 e 2021. A informação foi revelada pelo Sindicato das Indústrias de Bioenergia de Mato Grosso (Sindalcool/MT), durante conversa com jornalistas nesta quinta-feira (7).

O setor do etanol representou 4,5% da receita do Estado em 2021, contribuindo com mais de R$ 833 milhões de ICMS. O montante é superior aos investimentos que o governo do Estado pretende fazer na infraestrutura da Educação em 2022, por exemplo, que é de R$ 700 milhões para obras de reforma, manutenção, mobiliário e construção de novas escolas e quadras poliesportivas.

Na comparação entre 2015 e 2021, esse aumento na arrecadação de ICMS é ainda maior: 714%, saindo de R$ 102 milhões para R$ 833 milhões. Atualmente, existem pelo menos 15 usinas de etanol em Mato Grosso, que produzem cerca de 4 bilhões de litros do combustível.

“Estimular a indústria é estimular renda. Estimular investimento em Educação, Saúde, Infraestrutura. É isso aqui que a indústria gera”, destaca Lhais Sparvoli, diretora-executiva do Sindalcool/MT, durante sua apresentação.

O montante do valor agregado à produção impressiona. Dados apresentados pelo Sindalcool mostram que se o milho não fosse industrializado, a tonelada do produto seria vendida por ‘apenas’ R$ 1,2 mil, sem arrecadar ICMS. A industrialização transforma essa tonelada de milho em 441 litros de etanol, 222 kg de DDG (usado como complemento para ração animal), 17 kg de óleo de cozinha e 0,16 MWh em bioenergia. Esses subprodutos da mesma tonelada de milho são vendidos por R$ 1,8 mil, o que representa 54% de agregação de valor.

Ademais, a industrialização movimenta diversos setores da economia. Segundo os dados da entidade que representa o setor, a produção de etanol emprega 10,7 mil pessoas de forma direta, 92,1 mil de forma indireta e 65,5 mil de forma induzida, totalizando 168,5 mil empregos gerados pelo setor. Lhais destaca também que os trabalhadores das usinas possuem os melhores salários do estado.

“Quando nós trazemos as empresas, as usinas para dentro do estado, aumentamos a necessidade de mão de obra e agrego valor nessa mão de obra também”, explica.

Sílvio Rangel, presidente do Sindalcool/MT, ressalta que a entidade vem trabalhando para desenvolver Mato Grosso com a industrialização do etanol. Além de ser uma opção mais em conta para os motoristas, o combustível é mais ‘amigo do meio ambiente’ em relação aos combustíveis fósseis, como a gasolina e o diesel.

“No mundo inteiro se busca as alternativas para os combustíveis renováveis, para a troca dos combustíveis fósseis. Os biocombustíveis têm um papel relevante e Mato Grosso mais ainda, por ter esse todo potencial de crescimento. Acho que Mato Grosso, realmente, vai ter um papel fundamental para a questão do sequestro de carbono”, conclui Sílvio.