Safra recorde de milho impulsiona produção
Fabricação de etanol é impulsionada com produção recorde de milho e recuperação dos canaviais em Mato Grosso. Na safra 2021/2022 a oferta do biocombustível ao mercado se posiciona 4 vezes acima da demanda interna. Em 2021, a revenda de etanol hidratado para os consumidores mato-grossenses alcançou o patamar de 846,5 milhões de litros, informa a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A quantidade produzida pelas indústrias no período foi de 4,1 bilhão (l) de etanol hidratado e anidro, derivados da cana-de-açúcar e do milho.
Durante a crise pandêmica, o consumo de etanol seguiu na contramão da produção estadual. A partir de 2019, a demanda doméstica recuou de 1 bilhão (l) para 915,6 milhões (l) em 2020 e 846,5 milhões (l) em 2021, com respectivas retrações de 8,4% e 7,5% no período.
A produção do derivado, porém, continua em ascensão. Para a safra 2022/2023 as indústrias mato-grossenses irão ofertar ao mercado consumidor 4,6 bilhões (l) de etanol hidratado e anidro, obtidos do processamento da cana e do milho, conforme projeções do Sindicato das Indústrias de Bioenergia de Mato Grosso (Sindalcool) e da União Nacional do Etanol de Milho (Unem). É um volume total 11,6% superior ao da safra 2021/2022, de 4,1 bilhão (l).
Na produção estadual do biocombustível, o etanol hidratado prevalece sobre o anidro. De acordo com a Unem, as indústrias mato-grossenses produziram 68% de etanol hidratado e 31% de anidro na safra 2021/2022, que termina em 31 de março de 2022. O etanol hidratado é o etanol comum, vendido nos postos. O anidro é misturado à gasolina, na proporção de 25% por litro, segundo a ANP.
Outra característica do mercado de biocombustíveis em Mato Grosso é que na safra 2021/2022 a produção de etanol de milho é duas vezes maior que a do derivado da cana. De acordo com o Sindalcool, a expectativa é concluir a safra atual com produção de 3 bilhões (l) de etanol de milho até o final do mês que vem, ante uma oferta de 1 bilhão (l) de etanol de cana.
O uso do cereal para fabricação do biocombustível será ainda maior na próxima temporada, sendo estimados 3,4 bilhões (l) ou 209% acima dos 1,1 bilhão (l) de etanol de cana-de-açúcar, conforme projeções do Sindalcool e Unem.
Volumes recordes do grão estimulam investimentos na industrialização da matéria-prima em Mato Grosso, líder nacional na produção de etanol de milho, com participação de 87,6% da produção brasileira no ciclo 2021/2022,aponta a Unem.
Em 2021, duas indústrias, localizadas em Nova Mutum e Sorriso, aportaram recursos na ampliação da capacidade de produção do biocombustível. Outra fábrica está prevista para ser inaugurada em 2023. Além destas, há projetos de expansão industrial do setor em Jaciara e Sorriso. Ao todo, estão em operação duas indústrias que produzem etanol de milho e cana, que são chamadas de usinas flex. Há ainda 7 fábricas de etanol de cana-de-açúcar e 6 que produzem etanol exclusivamente de milho, detalha o Sindalcool.
Produção recorde
Na safra atual Mato Grosso irá colher 39,6 milhões de toneladas de milho, 3,9% maior que a produção de soja, estimada em 38,1 milhões (t) pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
O aumento na produção do cereal estimula a verticalização da cadeia produtiva e potencializa a fabricação de etanol. Apesar do aumento da oferta do biocombustível, o cenário de preços continua sendo afetado por diversas variáveis além da abundância de matéria-prima, lembra a diretora executiva do Sindalcool, Lhais Sparvoli. A variação cambial, a cotação do petróleo no mercado internacional, dos fertilizantes, do diesel e a demanda por combustíveis irão ditar os preços do etanol para o consumidor final.
Nos dois últimos anos, marcados pela crise pandêmica, os sucessivos reajustes nos preços dos combustíveis e perda de vantagem do etanol em relação à gasolina contribuíram para a queda do consumo, além das restrições às atividades, que diminuíram a circulação de veículos.
Derivados de cana
A safra 2021/2022 fechou com moagem total de 15,4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, informa o Sindalcool. A matéria-prima foi destinada à produção de 1 bilhão (l) de etanol e 451 milhões (t) de açúcar. Para a próxima temporada, a estimativa é de ligeira recuperação do canavial, com uma melhora do ritmo das chuvas, diz a diretora executiva do Sindalcool. A estimativa é que as indústrias de bioenergia processem 16,3 milhões (t) de cana-de-açúcar, dividindo a matéria-prima para produção de 1,1 bilhão (l) de etanol e 475 milhões (t) de açúcar. De uma safra para outra, a produção de etanol de cana aumenta 5,6% e de açúcar 5,3%, indica o Sindalcool.