Avenida Historiador Rubens de Mendonça, 2254 Sala 302
Edifício American Business Center – Cuiabá | MT
bioind@bioind-mt.com
Tel: (65) 3642-2606
No Brasil, o cultivo da cana-de-açúcar se iniciou na região Nordeste do país, já que o produto se adaptou melhor ao clima e ao solo nordestino, no começo do século XVI. Ao detectar tal fato Portugal, deu início ao plantio em larga escala, no intuito de lucrar com o comércio do açúcar, além de começar o povoamento do Brasil. Nesta fase, a mão de obra utilizada era escrava. Ao distribuir as faixas da capitania hereditária, uma das exigências aos donatários era de que existesse o cultivo da cana de açúcar nas terras doadas. Sendo assim, a base da economia colonial era o engenho de açúcar.
Os senhores de engenho tinham por objetivo principal a venda do produto para o mercado europeu. No entanto, o Pacto Colonial imposto por Portugal estabelecia que o Brasil só podia fazer comércio com a metrópole. O bom resultado trazido pelo cultivo da cana-de-açúcar despertou a atenção em outros países. Entre os anos de 1630 e 1654, o nordeste da nação tupiniquim foi alvo de ataques e fixação de holandeses. Os ‘intrusos’ estavam interessados no comércio de açúcar e acabaram implantando um governo em território brasileiro. Sob o comando de Maurício de Nassau, permaneceram lá até serem expulsos em 1654.
Mas, a saída dos holandeses acarretou graves consequências ao Brasil. A Holanda partiu levando consigo mudas de cana-de-açúcar e formaram outras lavouras nas Antilhas, colônias holandesas na América Central. Começou produzir açúcar e vender “a preço” muito mais baixo, fazendo a produção brasileira entrar em colapso e declínio. A queda na produção não fez com que ela parasse de uma vez. A colônia continuou produzindo cana-de-açúcar.
A produção permaneceu como uma importante fonte de renda, embora os olhos da Coroa já estivessem voltados às reservas de metais preciosos e não mais ao cultivo do produto. Atualmente, o Brasil é o principal produtor de cana-de-açúcar do mundo. Além do açúcar, também são produzidos da cana outros produtos: álcool, combustível e o biodiesel.
Cultivo da cana-de-açúcar em Mato Grosso
O cultivo da cana de açúcar se iniciou em Mato Grosso em meados de 1735. O pioneiro foi o fazendeiro Antônio de Almeida Lara, que era residente da cidade de Chapada dos Guimarães. Com a assinatura da Lei Áurea, de 13 de maio de 1888, os sítios de Chapada entraram em decadência. Cinco anos depois, em 1893, o Comendador Joaquim José Paes de Barros fundou, no Rio Abaixo, a primeira usina açucareira do Estado: Usina da Conceição. Após alguns anos, oriundo da primeira usina, foi construído o maior estabelecimento açucareiro de Mato Grosso, a Usina Itaici.
Sendo assim, a década de 1880 foi perpetuada na história do cultivo da cana, já que a atividade canavieira que sempre ocupou posição de destaque na economia mato-grossense, desde a decadência da mineração, entra no ciclo industrial propriamente dito, com a transição dos engenhos para as modernas máquinas a vapor. Prova de tal modernização era a superestrutura da Usina Itaici, que possuía os mais avançados recursos da época, sobretudo no quesito assistência social. Isso porque o estabelecimento disponibilizava aos funcionários escola pública, biblioteca, farmácia e ambulatório de emergência, padaria, banda e escola de música, além de casas para todos eles.
Tamanha era a inovação da usina que, mesmo antes de a própria capital receber luz elétrica, já havia iluminação na Itaici. A iluminação sempre esteve presente no local, desde sua fundação em 1° setembro de 1900. Neste mesmo período, cerca de 80 estabelecimentos do seguimento açucareiro já tinham se instalado no Estado. Em pouco tempo o açúcar e a água ardente mato-grossense eram exportados à República do Paraguai. Porém, a declaração do tratado de comércio que o Estado tinha com o país vizinho deu vantagem às fabricas de açúcar da República Argentina, às de Tucumã, prejudicando os interesses da indústria de Mato Grosso. Mesmo com a perda desta exportação, a atividade açucareira permaneceu próspera e lucrativa.
Os antigos engenhos
Os engenhos funcionavam como fábricas de açúcar e compreendiam as seguintes instalações: casa grande, onde morava o senhor de engenho, seus familiares e serviçais; a capela, para celebrações religiosas cristãs; senzala dos escravos; e o próprio engenho, com diversas construções destinadas às várias fases de processamento do açúcar.
O senhor de engenho era, em muitos casos, o dono das terras, que também podiam ser arrendadas. Os proprietários das terras que não possuíam engenhos em seus domínios eram obrigados a moer cana no engenho mais próximo e recebiam metade do que era fabricado sob a forma de pães de açúcar.
A produção do açúcar começava pelo ato de moer a cana, que era esmagada em cilindros movidos por rodas d’água ou parelhas de bois. Depois, o caldo era levado à casa das fornalhas, onde era concentrado em tachos de cobre e transferido para as formas, onde o açúcar cristalizava. Na casa de purgar, a massa resultante do processo era purificada e dividida em pães de açúcar – forma em que o produto era comercializado no Brasil. Para a venda no mercado externo e desembarque nos portos europeus, no entanto, era necessário triturar e secar os pães de açúcar ao sol para transportá-los em caixas.
A Agroindustria Sucroenergética em Mato Grosso
UsinaItaicy, as margens do rio Cuiabá, iniciou suas atividades em 1897 e encerrou-as em 1957. Tinha moeda própria, estrada de ferro interna e usou etanol para seus veiculos durante a guerra.
Após a implantação de Itaicy, outras foram surgindo:Usinas Conceição, Ressaca, Maravilha, Tamandaré, Aricá, Santana, Flechas, todas as margens do rio Cuiabá, ou seus afluentes, com suas atividades já encerradas.
Em 1966 é implantada a usina Jaciara, empresa pública, no municipio do mesmo nome, 220 km ao Sul de Cuiabá, onde o planalsucar começa a desenvolver novas variedades de cana-de-açucar adaptadas ao Cerrado, sendo assumida pelo Grupo Naoum em 1972.
Em 1982, com base no proálcool, começam a ser implantadas novas usinas em Mato Grosso, começando pela Barralcool em Barra do Bugres, cidade a 160 km a oeste de Cuiabá e em seguida Itamarati, no municipio de Nova Olimpia, 40 KM a frente, que durante muitos anos foi a maior usina do mundo, com capacidade de moagem de 7,4 milhões de toneladas de cana-de-açucar, vindo as demais, 11 no total, nos anos imediatamente posteriores:
. Alcopan – Álcool Pantanal Ltda – Poconé (inoperante)
. Usina Barrálcool S/A – Barra do Bugres
. Agropecuaria Novo Milênio Ltda – Matriz – Lambari D’oeste
. Agropecuaria Novo Milênio Ltda – Filial – Mirassol D’oeste
. Coprodia – Cooperativa Agricola de Produtores de Cana de Campo Novo do Parecis – Campo Novo do Parecis
. Destilaria Araguaia – Confresa (inoperante)
. Usinas Itamarati S/A – Nova Olímpia
. Destilaria de Álcool Libra Ltda – São José do Rio Claro
. Usina Pantanal de Álcool e Açúcar Ltda – Jaciara
. Usimat Destilaria de Álcool Ltda – Campos de Júlio
. Brenco – Companhia Brasileira de Energia Renovável – Alto Taquari
Fontes: historiador Aníbal Alencastro e site da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar)
Brasil, o maior produtor
A cana ocupa cerca de 7 milhões de hectares ou cerca de 2% de toda a terra arável do país, que é o maior produtor mundial, seguido por Índia, Tailândia e Austrália. As regiões de cultivo são Sudeste, Centro-Oeste, Sul e Nordeste, permitindo duas safras por ano. Portanto, durante todo o ano o Brasil produz açúcar e etanol para os mercados interno e externo.
Com o fim da regulamentação governamental, iniciou-se o regime de livre mercado, sem subsídios, com os preços do açúcar e etanol passando a ser definidos conforme as oscilações de oferta e demanda. Assim, os preços da cana passaram a depender de sua qualidade e da sua participação porcentual nos produtos finais.
Para gerenciar e equilibrar produção e demandas setoriais, a iniciativa privada tem procurado criar instrumentos de mercado, como operações futuras, e desenvolver novas oportunidades para o açúcar e etanol, por meio da queda das barreiras protecionistas e do empenho em transformar o etanol numa ‘commodity’ ambiental.
Fontes: historiador Aníbal Alencastro e site da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar)